domingo, 20 de fevereiro de 2011

O horror, o terror e os Amores de uma vida contemporânea

 
Às bordas de uma multidão: suores, cheiros, perigos e sentimentos. Corpos se chocando e dançando em meio a centímetros de liberdade, cada qual com o seu universo, com as suas mentes complexas e irradiantes de sonoridades agudas. Mentes, pensamentos e existências que se diferenciam uma das outras por gritos individuais, cada qual com o seu timbre de desespero, sua altura de dor e as suas notas que refletem desejos diferentes. Acho que este é o estigma das cidades, sonoridades, efemeridades e trânsito, principalmente de ideias. 
É neste ambiente que as mentes mais atormentadas e as mais apáticas se chocam todos os dias, resultando em pequenos relâmpagos. Relâmpagos de conexão, como se fosse possível duas mentes se unirem durante alguns segundos, mas para a maioria das pessoas não é. No entanto, é naquele segundo em que você olha pela janela e percebe o que se passa dentro daquela carcaça, é disto que estou falando.  

São nestes lugares que passam todos os dias as mazelas existenciais do ser humano, toda aquela bola de merda que parece ter se tornado cada vez maior com o passar dos anos. Um horror tão grande que é capaz de passar por cima de qualquer ser vivo sem que ele tenha qualquer chance de defesa: a angustia, a solidão, a finitude, a apatia e por aí vai. São doenças que nos infectaram a séculos, são como câncer, HIV ou qualquer outra destas ditas "pragas". Elas aparecem, lhe consomem por dentro até só restar pele e depois te matam, te jogam em um buraco escuro com outras dezenas de corpos. Ta achando que é só com você mocinho? Esta merda acontece com todos, até com aquelas pessoas de comercial de leite.  Todos sentem os vermes comendo a sua carne por dentro, te devorando como larvas de uma vespa... é isso aí gente, é a realidade.

Te assusta gatinho a ideia de um esqueleto por detrás daquela pele linda, sem imperfeições, rosada e com um puto falso sorriso no rosto? Pois é, este é o terror da vida contemporânea. É como um câncer, um HIV ou qualquer uma destas pragas da modernidade. Você nunca sabe quando na verdade está se casando com um esqueleto, com um doente prestes a se perder na borda do ego, a surtar. Nos chocamos todos os  dias e tudo o que ouvimos um dos outros são ruídos, aqueles ruídos sempre presentes no fundo das nossas cabeças. Densidades, timbres, alturas e notas. É como uma grande orquestra que caminha para o mesmo fim.

Uma mulher anda no meio de milhares desesperados voltados para a solidão: - Será que vou realmente ficar velha e sozinha? - Não duvide senhora, todos nós ficamos sozinhos no final da noite.
Um rapaz olha atentamente o seu relógio invertido no pulso esquerdo, pensando no trabalho de sociologia que vai ter que entregar pela noite, pensando, refletindo enquanto fode, contando os minutos para poder atingir aqueles 5 segundos que lhe fazem sair do meio dos suores e dos cheiros da multidão. Sem olhar no rosto do rapaz, uma outra existência que está no seu completo limite de degradação, barebacking, em meio à lama, ao cheio de mijo no chão, com a cara afundada em meio a um lamaçal de bosta e urina já antecipa o que vem pela noite. 

Este são os amores da vida contemporânea querido. É a isto que estamos pre-destinados, a viver com a cara no lamaçal de merda e vômito, a amar aquilo que não está nos suores e nem nos gritos de desespero. Amamos aquilo que vai nos tirar de toda esta lama, aquele com uma farda engomada, com um cheiro de perfume francês  e que vai cuidar de nós como e nos fazer calar um pouco esses sons agudos.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O garoto e o monstro



Como em todos os dias ruins de sua vida, era domingo. Um domingo que se repetia dia a dia, dia após dia, dia e noite. No final da tarde já estava cansado, jogado na sarjeta em uma posição fetal, com a sua cabeça levemente apoiada sobre a calçada de algum lugar que nem ele mesmo sabia onde era. Já não era o seu lar, não era a sua rua. Era o estranho, o escuro, o frio: o Mundo. Mas no final das contas não era tarde, ainda era manhã, daquelas com um sol bem quente, com uma transitar de pedestres, buzinas, carros para cima e para baixo e estudantes. 
De repente se lembrou que era um deles, se levantou da sarjeta, cabisbaixo, e saiu em direção a um lugar que não sabia aonde era. Triste, moribundo e cansado, andava aos poucos; gotas rastejadas em desabafo cruel. Era essa a frase que lhe resumia. Andou algum tempo até que o chão se abriu e o engoliu em uma rotina venenosa, traiçoeira, uma rotina que a muitos aparece no nome de vida. Mas não era a vida que estava presente ali naquela figura daquele garoto daquela escola daquela situação daquele sofrimento daquela dor. A dor era o último reduto de existência, era a única ligação dele com a realidade. Seus fones se tornaram os seus melhores amigos, o seu braço esquerdo e o seu braço direito. Sentado em uma cadeira com a mão no queixo tentava se lembrar de algo que fizesse sentido, de um motivo, de uma razão, mas a manhã passava e nenhuma resposta aparecia.
De repente entendeu que o mundo, que a sua sarjeta e que tudo o que estava a sua volta era um monstro. Um daqueles bem horripilantes, grandes, fortes, ameaçadores e cruéis. Tentou fugir dos seus grandes dentes, de seus braços. Chorou, chorou, chorou por algum tempo até que a realidade final veio a sua cabeça.
Mas ainda era manhã, o sol ainda batia forte na sua testa, seu rosto ainda ardia com o calor e seus ouvidos doíam com o buzinar de carros e as conversas (absolutamente sem sentido) de estudantes que caminhavam para a escola, eram estudantes?
Os dias não passavam, eles rastejavam lentamente por suas veias e por seu olhar semi-aberto, focado para o chão, para o nada. As lágrimas não desciam, nem os gritos e nem a dor, mas o que lhe restava então? Restavam seus amigos, seus companheiros, seu braço esquerdo e direito. Por algum tempo foi bom, funcionou, o garoto encontrara na música um sentido para o mundo que na verdade não fazia sentido algum. Durante algum tempo a sua música o preencheu, o abasteceu de dor e existência, até que por fim acabasse.
Então correu, correu pela noite (mas ainda era dia), correu  por entre os carros, por entre os pedestres, correu. Fugiu, se escondeu. Mas não adiantava, o monstro sempre estava lá para lhe abraçar, ele era carne, era o asfalto, estava nas vozes, nos cantos escuros.
A manha ainda ardia nos seus olhos, com o mesmo buzinar de carros, com as mesmas conversas sem sentido, com a mesma escola. Sua insustentável existência já estava trincada por dentro e por fora de uma forma que nem a música podia o abraçar. Então finalmente aceitou a única forma de botar fim a isto, ao menos a única forma que podia se ver através dos carros, das carnes e da apatia A única forma de deixar a noite chegar, de fazer o dia correr, voar, acelerar. Então o garoto fechou seus olhos, sentiu a sua respiração fraca, sentiu o frio nos seus pés descalços e queimados, e antes que o monstro ,que a todos engole, pudesse pensar em chegar perto dele, ele abriu os olhos.
Já não havia luz, já não era manhã. Os carros não existiam e nem as conversas sem sentido, já não havia escola e nem nada mais, nem mesmo escuridão. Foi neste momento que o garoto percebeu que não havia mais corpo, que não havia mais mente, que não havia mais nada, que ele mesmo já não havia, e sorriu, antes que seu sorriso não houvesse mais.

Este post vai a homenagem a alguém que eu não sei, a alguém que eu não sei aonde, nem o que. Desculpe os erros de português, blablabla.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Algo Bonito dentro de mim



Dear Hobbes,

Dias tumultuados, cheios e lotados. Esses dias de verão estão simplesmente lotados.
Lotados de reflexões, de pensamentos, de nuvens que transitam de um lado para o outro, como em um filme. Sentimento de vazio impossível não ficar.
Mas dentro da casca, dentro de todas as cortinas que eu insisto em manter, eu guardo algo bonito. Algo bonito por dentro, uma linda e bela árvore que mesmo após alguns galhos quebrados, alguns noites sem estrelas, eu insisto em regar. 
Te rego porque eu te quero, quero esta árvore dentro de mim, ela me faz feliz, me faz sentir, me faz humano. Os fatos não tem muita importância, o que realmente importa é que eu ainda a tenho dentro de mim. Sua linda copa, revestida de um verde intenso já não é tão intenso assim, alguns galhos murcharam, outros pararam na borda do tempo, suas raízes já não funcionam tão bem. Mas ainda assim ela persiste. Talvez morra daqui a algum tempo, sinceramente não espero que isto ocorra, não quero voltar sozinho para casa. 
Minha casa triste, sem cor, sem estrelas que eu acostumei em chamar de lar. Estou bem assim, me deixe ficar assim, encolhido dentro de uma floresta densa e sem nenhuma perspectiva, me deixe correr por entre as árvores que eu cultivei com tanto carinho e esforço, me deixei sonhar em dias melhores, porque é isto que você representa para mim, nada mais do que uma grande nuvem, robusta mas frágil, carinhosa  e amorosa ,linda acima de quaisquer outras e que eu te batizei de sonho.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Lacre


Let it be
I'm leaving this room for some while. I just can't image how i wasted so much time looking for someone who just can't exist. Self-steam, glory, love, or somekind of feeling that make me a little more happy. I'm leaving this search, these possibilities of find someone that i already know how is, how love me, how walk, how watch me. This isn't healthy! I've always tried to just be myself, on my own, alone and strong, strong like a piece of rock. But i'm green, i'm sick, i'm down and i'm not fine. I feel tired, i feel like a living-dead. Some while, some place to get rest, some peace... i would like some beach and friends, i'd like to laugh, at least once in this week. I feel like i were getting close. Close from my border-line.
I'm sorry my dear Hobbes, i think it's too late for me. It doesn't matter anymore

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Nuvens


11de uma noite de quinta. Prestes a dormir, ou não. Esse sentimento grande guardado no peito. Sem válvula de escape e nenhuma outra maneira de conseguir dividir. Sinto como fosse explodir de desejo, de afeição, de empatia. Quero dividir, sinto que o que tenho dentro guardado é bom, é saudável, é puro.

É bem verdade que já faz um tempo, alguns tempos, longos tempos. Sentimentos sufocados, abafados e indecifrados jogados no fundo da gaveta. Sempre fui do tipo bem racional sabe? Daqueles que procura sufocar qualquer possibilidade de ser feliz. Ora só, no que eu fui pensar, que o garoto mais bonito daquele maldito colégio de alguma forma gostava de mim. Sua face escondida no meio daqueles cabelos negros, seu sorriso meio 'bocó' me deixando de novo com aquele frio na espinha, seu cheiro. Me escondo, aperto com força o peito até sufocar essa explosão, esse sentimento grande guardado no peito. Ele desce como uma bola de espinhos, rasgando por dentro e deixando algumas feridas, arranhões que com o tempo vão se tornando lembranças afectuosas que guardo com atenção em um espaço reservado no coração.
Sinto como todo o caminho já estivesse descrito, pré-destinado, apesar dos pesares. Você aparece, conversamos por alguns minutos e logo me vejo com aquele friozinho na barriga característico, percebo alguns dias mais tarde que estou loucamente, completamente apaixonado, você me olha com aquele olhar que eu sempre desejei e eu com aquele olhar de garoto tímido que não sabe aonde pôr as mãos. Nos beijamos depois de algum tempo, alguns tempos, não muito longos. Me cativas, me cativas, me cativas, me cativas até chegarmos no ponto em que o tipo bem racional se rasga bem no meio, deixando explodir todo o sentimento, toda a empatia, a afeição, o ciúmes e tudo o que um encontro tem direito de ter. Apesar dos pesares, sinto que encontrei finalmente, cedo ou muito tarde (não tarde demais, espero), o "verdadeiro", ou ao menos aquele que vai deixar um frio na minha barriga toda a vez que o ver dobrando a esquina, com seus cabelos característico, seu sorriso bobo e aquele olhar que só ele sabe dar.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Mas se me cativas...


Ando sem rumo, com paz no coração. Deslizando e derrapando entre árvores de uma floresta interna. Sinto falta de um alguém que nunca tive. Alguém azul-nuvem ao meu lado, em todos os lugares. Sinto falta de um alguém pra ouvir, pra falar, pra desabar e também confiar.
Olho no olho, mãos, pernas, coxas e atenção. Um porto, o terceiro ponto da minha cadeira de três pernas. Quero o que chamam de segurança, se é que existe. 
Sinto falta de alguém que me cative, de uma leveza de ser que mais se pareça com uma nuvem. Leve, verde e companheiro. Alguém que venha todos os dias 4 da tarde passar pela minha porta, olhar na minha alma, me desarmar e me levar pra outro lugar que não este. Fuga da dor, escapismo talvez, mas ainda assim o quero.
Quero ao meu lado, quero sincero, quero cumplicidade e mais do que tudo amizade. Apanhar nuvens, correr sobre elas, nadar em um lago, viver o irreal. Não quero amores reais, quero aquilo que me cativa, quero aquele eu ainda não sei o nome.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Odiar


Dizem por aí que o ódio é vermelho, forte, sangue e dor. Quando foi que passei a odiá-los, quando foi que o amor passou e deixou a indiferença e a indiferença deixou um campo negro, sem vida, vermelho e sangrento, ódio?
Sangue pelo chão, brotando como que em uma nascente de um rio, de dor. Sangue, terra e negro. Sangue de dor, vermelho como sangue vivo. Forte como uma ferida profunda, da terra. Sentimento de nojo, de repulsa, de des-admiração, de anti-empatia. Não quero estar perto deste campo de sangue, nada cresce nele, nada sobe sobre a sua terra molhada de vermelho. Quero fugir, quero espalhar todos os meus espinhos, toda a minha proteção, a minha "segurança". Não quero guerra, não quero sangue, não quero dor, ódio, vermelho.
Não busco aceitação, busco paz, busco indiferença, busco tranquilidade. Quero poder sair, voar, respirar, levantar as minhas asas e ser quem eu sou. Não vou dizer que não busco companhia, quero e preciso. Quero poder sentir o que a liberdade tem de bom, o veneno que me transforma, me desenvolve, me devora, me digere e me faz em algo melhor.  
"A lagarta morre quando forma a crisálida. A planta morre quando engrandece. Quem quer que esteja na muda conhece a tristeza e a angústia."