Diz uma lenda ai que nossas mentes são separadas por uma fina camada de consciência. O reduto mais profundo e intocável entre os humanos. Separados, cabe a nós o eterno sentimento de vazio em nossas cabeças pelo não contato com o outro, separados, buscamos desesperadamente nos entender, nos relacionar, nos misturar, nos tornar um. Amor, Deus, segurança, felicidade, conceitos e mais conceitos criados para tentar preencher um pouco este abismo. O amor ao outro, a empatia e a vontade de nos relacionar, consequentemente, nos machucar.
Aquilo que me cativa adentra na minha consciência, cria raízes, se estabelece. Transforma o meu ser, adentra no meu interior, no meu reduto, na minha alma. Lá, ele cria raízes, cria laços, me devora e me vomita. Sofrimento vai, alegria vem, todos temos um pouco de ouriços nas nossas personalidade. Afastamos o que nos machuca, o contato, o sofrimento.
Aquilo que me machuca eu não cativo. O que me fere na alma, o que rasga violentamente as raízes, o que me faz sangrar, cuspir sangue, chorar, isto eu não quero dentro de mim. Quero distância, quero proteção. Não quero sofrer, não quero sangrar, portanto, quero evitar.
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